Knock knock. Who's there? Uma opinião não solicitada acerca do Joker (Folie à Deux) que contém muitos spoilers.
Depois do primeiro Joker (de Joaquin), as expectativas para esta Loucura a Dois eram muito altas. Entretanto estreou e houve uma chuva de críticas negativas. Aparentemente estávamos diante de um musical estúpido e enfadonho, totalmente o oposto do que se espera do grande e genial Joker.
Nós, comuns mortais equipados de ganância e mediocridade, queremos sempre saber as respostas de tudo. Contra mim falo, já que sou esse tipo de pessoa que se apanha numa pausa do trabalho a olhar para a sua bolacha de canela e a pensar "por que raio a fizeram neste formato?". Às vezes não é sobre julgar; às vezes só queremos mesmo saber o porquê das coisas. E é justamente por isso que, no meu humilde entender, existe o Arthur Fleck. O Arthur Fleck é a humanização do Joker. Porque temos de ter respostas, e porque às vezes elas até são simples; a linha que separa uma doença mental da pura maldade é muito ténue.
O Joker, este Joker, não é de todo inimigo de um super herói. O Joker, este Joker, é uma espécie de pózinho de perlimpapão que infecta os sistemas mais sensíveis e que se infiltra e instala nos que estão contra o sistema — o outro —, como se fosse uma luz ao fundo do túnel para aqueles que não são indiferentes à injustiça.
Mas quem é o Joker sem o Arthur Fleck? Sendo que o Arthur é uma personagem extremamente humana, com todas as fragilidades que um humano pode ter. A sua gargalhada, tantas vezes gozada, é por mim facilmente confundida com o choro de uma criança.
O filme não é um musical estúpido e enfadonho. Cada canção é uma lufada de ar fresco que une as personagens principais e as leva para fora de um mundo tão cruel. É para lá que também nós, personagens das nossas próprias histórias, fugimos de vez em quando — seja pela música, pela escrita, pelas artes, pelas caminhadas, pelo próprio silêncio.
E por falar em personagens principais... Sou muito fã da Harley Quinn. No entanto, neste filme a personagem não me encantou, embora manipule em vez de ser manipulada e vá embora em vez de ser deixada.
Já agora: geralmente não conheço os atores nem lhes gabo a preciosidade do seu trabalho. Estão ali para representar! Porém, tenho mesmo de dizer que o Joaquin é fenomenal. Se foi no outro filme, neste então é de cortar a respiração. A mudança entre Arthur e Joker, Joker e Arthur é alucinante. A interpretação física e emocional de ambas as personagens é qualquer coisa de incrível.