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Paris pode esperar

Paris pode esperar

09
Jan25

Pensamentos docinhos

Às vezes ainda não acredito que vou com o Paulito para casa… Para a nossa casa.

Há dois anos eu escrevia aqui sobre uma paixão avassaladora, daquelas que se não nos abrem as entranhas e fazem cócegas na alma, parece muito. Uma paixão que começou com incómodo e incontáveis pontos de interrogação, mas que rapidamente se tornou em borboletas e bolhas de sabão; felicidade extrema e pura, açúcar em pó. E agora vivemos juntos!

Este é o tipo de coisa que eu escrevo mentalmente a caminho de casa, com o Paulito ao meu lado, entre rasgos de silêncio que também são precisos. É tudo tão bom!

10
Dez24

As esplanadas, as pessoas e eu

Gosto de observar pessoas, especialmente quando estou a jantar num centro comercial ou a tomar o pequeno-almoço/lanche numa esplanada. Talvez porque é mais fácil. Talvez porque é espontâneo de ambas as partes; elas existir e eu observar.

Deste fim-de-semana destaco:

• o senhor que jantava em pé numa mesa alta para a senhora e as crianças poderem jantar sentadas. Achei meigo;

• a mãe claramente de primeira viagem e que claramente demorou muito a conseguir engravidar. Ou que (claramente) escolheu ser mãe mais tarde, com mais experiência de vida. Alimentou e embalou o pequeno pacote-humano e depois disso permitiu-se comer pizza;

• o casal tímido, que não diria ser um casal se não fosse um toque subtil no braço que me mudou a perspectiva. Dois rapazes, não mais de vinte anos.

 

Tenho a certeza que um dia consegui apanhar um primeiro beijo. Ela bebia água das pedras e ele café. Estavam sentados na mesa à frente da minha e eu estava atenta à conversa dos amigos, mas naquele segundo decidi prestar uma atenção especial ao casal. Talvez tenha sido o sorriso dela. Eu sou rapariga, percebo destas coisas. Observei-os uns segundos antes de o ver avançar para um beijo. Pelo meio houve sorrisos e no fim levantaram-se e sumiram, deixando para trás uma água das pedras por acabar e uma chávena menos quente do que aqueles corações. E do que o meu.

02
Dez24

Este post é um suspiro muito alto

Fisicamente estou na pausa para almoço do primeiro dia de trabalho do mês mais longo do ano. Qualquer emprego que tenha a ver com atendimento ao público, seja físico ou virtual, abana a magia desta época. Mas o meu emprego fez-me mesmo perdê-la. Por isso mentalmente ainda é domingo de manhã e eu ainda estou a tomar o pequeno-almoço com o meu amor sentado à minha frente e o mar espalhado lá ao longe. É o primeiro dia oficial do mês mais longo do ano, mas ainda não me incomoda.

21
Nov24

Pois é

Pois é. Ando em busca de um caderno que basicamente é um diário, mas não um diário qualquer. Trata-se de um diário para escrever por cinco anos; um 5 year diary (tcharan).

 

Já o tinha visto à venda aqui há uns anos por um rim; depois encontrei-o na Tiger por seis euros mas não o quis comprar e como castigo nunca mais o vi. Pois é. Para que quero eu a porcaria de um caderno onde escrever por cinco anos, se tenho um blog há dois e 1) falhei miseravelmente o seu segundo aniversário (e aparentemente o primeiro também) e 2) não escrevo passagens diárias sobre o que sinto ou acontece? Não sei. Talvez seja apenas mania, consumismo e outras porcarias. Talvez queira o conforto de escrever as minhas merdas de uma forma mais resguardada, sem opiniões alheias. Pois é… Ridículo.

 

 

A série que devorei deixou-me a pensar (ainda mais) nisto de escolhas diárias e comportamentos humanos, bem como conexões e relações não exclusivamente românticas. Se eu há cinco anos tivesse começado a escrever no 5 year diary, hoje ao lê-lo sentir-me-ia estúpida, talvez.

 

Há cinco anos voltei a escrever num blog e conheci pessoas de quem gostei muito, nomeadamente a minha Daniela linda. O meu ex-namorado decidiu que afinal queria casar comigo e levou-me a mim e à Daisy a passear para mo dizer de forma especial. Depois deixou-me a achar que eu era louca outra e outra vez, como na série que eu devorei. É claro que isto estaria tudo relatado ao pormenor no 5 year diary. A Daisy estava bem, tão bem que se calhar nem iria escrever tanto quanto devia sobre ela. Porque nós geralmente não escrevemos sobre o que está bem; ou escrevemos sobre a felicidade extrema, ou sobre o que nos tira o chão. O que acontece pelo meio não é bom nem mau o suficiente para ser mencionado. Logo a seguir veio a pandemia. Foi assustador mais pelos nossos do que por nós próprios, mas isso toda a gente sabe, toda a gente sentiu. O The Weeknd lançou O álbum e eu encantei-me com o que não era para mim, com o que não podia ser para mim — não inteiramente. A sentença doeu não uma, mas duas vezes. Levantei-me com a coragem e vergonha na cara que ainda tinha e consegui um emprego que gosto num buraco onde nem rede tenho e que me faz passar mais raiva do que outra coisa qualquer, mas que me proporcionou conhecer o meu mais-que-tudo. Tão bom! A minha melhor amiga faleceu. Se o mundo inteiro caísse faria menos barulho do que o vazio desde então. Saí de casa dos meus pais e sinto muito a falta deles, mas adoro a minha nova vida e estou orgulhosa de mim. 

 

Pois é. Ando em busca do 5 year diary, mas sinceramente... Que coisas mágicas poderiam acontecer nos próximos cinco anos que valessem a pena escrever de forma permanente? Pois é. E se escrevesse, qual seria a probabilidade de daqui a cinco anos não me sentir estúpida ao lê-lo também? Pois é.

 

Acho que vou continuar a queixar-me por aqui, sobretudo de não escrever tanto e como gostaria. E não vou mudar para me poder queixar mais tarde outra vez. 

01
Nov24

Primavera em Novembro

Hoje está uma manhã bonita de primavera. No quintal há borboletas a dançar e em algum pouso confortável há passarinhos a cantarolar. Há também sol tímido, morno. E de tudo isto que há, e que ainda bem que há, sobra uma certa nostalgia: folhas coloridas a cair, botas fofinhas nos pés e cheiro de castanhas assadas na rua. 

30
Out24

[centésimo post]

Hoje faço vinte e oito anos. Sinto-me estupidamente nova e estranhamente velha.

 

Quando era pequena tinha muitas expectativas.

Ninguém nos conta que a vida é outra coisa, e não qualquer coisa. E mesmo que contem, quando somos pequenos não queremos saber dessas parvoíces de adulto — por muito que nos tentem ensinar o que é vida, a vida é o que fazemos no intervalo de tempo em que pensamos o que fazer dela.

 

Nunca tive muitos amigos. Sempre fui sozinha. Brincava comigo mesma e brincava com o mundo enquanto ele girava. Fingia que estava num grande barco e cada carro que passava era um tubarão. Interpretava a Pequena Sereia no meu puff branco e rosa, que na realidade era uma rocha no meio do mar. Arrancava os tacos de madeira do chão do quarto dos avós como se estivesse a cavar terra à procura de tesouros (— cotão conta?). E por aí fora.

 

 

Cresci. Deixei de brincar com o mundo e passei a querer o mundo. Ouvi, e senti, muitas vezes, quase sempre, que era demasiado nova para tudo. E perdi o interesse nas coisas, pois esperar nunca foi o meu forte. Se há coisa que eu detesto é esperar. Eu sou urgente demais e incomoda-me quem não seja. Será que ainda ninguém percebeu que o tempo foge por entre os dedos, e que cada dia que passa é um dia a menos que temos?

 

Agora tenho oficialmente vinte e oito anos e nunca mais me senti demasiado nova para o que quer que fosse. Às vezes até me sinto é demasiado velha para algumas coisas. E eu sei, mesmo, que as pessoas mais velhas se riem desta minha afirmação. Mas não deixa de ser o que eu sinto. Nem sempre… só às vezes.

 

Conforme os dias vão passando sou assaltada à mão armada por uma realidade assustadora: tenho medo de morrer. E pena. Tanto medo e tanta pena. É engraçado pois a minha adolescência e posterior período foram passados a ferro por uma depressão que me fez ficar trancada num quarto escuro a maior parte dos dias e querer morrer a maior parte das noites. Existir doía tanto! Agora encontro prazer nas mais pequenas coisas e o que me dói é pensar que isto pode acabar assim, de repente, sem eu ter escutado todas as canções, provado todos os sabores, vivido todas as experiências, lido todos os poemas.

 

Hoje faço vinte e oito anos. Descobri que prefiro o cabelo curto, que croissant de doce de ovos é tão bom ou melhor ainda do que croissant de chocolate e que as coisas são o que são. Parece tonto, mas saber que as coisas são o que são é saber metade do todo.

21
Out24

(Algumas) pequenas coisas que (ainda) me fazem apaixonar

O meu amor escuta canções antigas e gosta de filmes que eu não compreendo. Não come pipocas no cinema nem chocolate no geral.

O meu amor não é o tipo de pessoa que descarta o que está estragado; é o tipo de pessoa que vai ao armário buscar a sua mala de ferramentas e que se senta no sofá com ar intelectual a tentar arranjar solução — mesmo quando o objecto danificado é um mero porta-chaves em forma de ursinho cuja argola se abriu.

O meu amor lembra-se das coisas pequeninas que lhe conto, mas raramente decora uma data de aniversário por mais importante que a pessoa seja para ele.

O meu amor é uma pessoa sensível que acredita muito no amor e nas pessoas; chorou comigo a ver o Divertida Mente, chora com as coisas boas e bonitas que acontecem aos outros, com as cartas que lhe escrevo à mão e… bom, chora bastante, felizmente de felicidade.

O meu amor é bom a fazer contas, a falar inglês e a conduzir, como se a matemática, as línguas e a condução fossem coisas simples. Espirra muito e está sempre com um lenço ranhoso no bolso… e no carro… e debaixo da almofada.

O meu amor segura portas para que os que o acompanham passem primeiro e beija sempre a testa da mãe. Tem ternura no olhar e açúcar em pó nos beijinhos que entrega. É bom com trabalhos manuais e sempre dá o melhor de si.

(...)

14
Out24

Arthur Fleck who?

Knock knock. Who's there? Uma opinião não solicitada acerca do Joker (Folie à Deux) que contém muitos spoilers.

 

Depois do primeiro Joker (de Joaquin), as expectativas para esta Loucura a Dois eram muito altas. Entretanto estreou e houve uma chuva de críticas negativas. Aparentemente estávamos diante de um musical estúpido e enfadonho, totalmente o oposto do que se espera do grande e genial Joker.

 

Nós, comuns mortais equipados de ganância e mediocridade, queremos sempre saber as respostas de tudo. Contra mim falo, já que sou esse tipo de pessoa que se apanha numa pausa do trabalho a olhar para a sua bolacha de canela e a pensar "por que raio a fizeram neste formato?". Às vezes não é sobre julgar; às vezes só queremos mesmo saber o porquê das coisas. E é justamente por isso que, no meu humilde entender, existe o Arthur Fleck. O Arthur Fleck é a humanização do Joker. Porque temos de ter respostas, e porque às vezes elas até são simples; a linha que separa uma doença mental da pura maldade é muito ténue.

 

O Joker, este Joker, não é de todo inimigo de um super herói. O Joker, este Joker, é uma espécie de pózinho de perlimpapão que infecta os sistemas mais sensíveis e que se infiltra e instala nos que estão contra o sistema — o outro —, como se fosse uma luz ao fundo do túnel para aqueles que não são indiferentes à injustiça.

 

Mas quem é o Joker sem o Arthur Fleck? Sendo que o Arthur é uma personagem extremamente humana, com todas as fragilidades que um humano pode ter. A sua gargalhada, tantas vezes gozada, é por mim facilmente confundida com o choro de uma criança.

 

O filme não é um musical estúpido e enfadonho. Cada canção é uma lufada de ar fresco que une as personagens principais e as leva para fora de um mundo tão cruel. É para lá que também nós, personagens das nossas próprias histórias, fugimos de vez em quando — seja pela música, pela escrita, pelas artes, pelas caminhadas, pelo próprio silêncio.

 

E por falar em personagens principais... Sou muito fã da Harley Quinn. No entanto, neste filme a personagem não me encantou, embora manipule em vez de ser manipulada e vá embora em vez de ser deixada. 

 

Já agora: geralmente não conheço os atores nem lhes gabo a preciosidade do seu trabalho. Estão ali para representar! Porém, tenho mesmo de dizer que o Joaquin é fenomenal. Se foi no outro filme, neste então é de cortar a respiração. A mudança entre Arthur e Joker, Joker e Arthur é alucinante. A interpretação física e emocional de ambas as personagens é qualquer coisa de incrível.

10
Out24

A vida (em Cascais)

Esta noite adormeci com um som que não conhecia: o mar revolto. 

Talvez seja algo normal para quem mora perto do mar. Como só agora vivo essa experiência, só agora consigo saber como é. E é incrível. 
O som era constante e parecia algo zangado. Murmúrios que pareciam vir de dentro da própria terra. Cheirava a mar, a água salgada. Um aroma intenso, mas ainda assim era o som que predominava.

 

 

No dia em que a Daisy faleceu houve um sismo. Na noite que antecedeu o seu aniversário eu escutei o som mais assustador e fantástico de sempre. 
A natureza é mágica e mostra-nos sempre, especialmente quando mais precisamos, que é maior do que qualquer um de nós... 

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